Pedro Oliveira Ferreira
Gestor operacional adjunto da Feira/Mealhada
“Como vivi o primeiro incêndio na Brisa”
Estou nesta função há oito meses, e hoje venho falar-vos um pouco de como foi a minha primeira experiência numa situação de incêndio florestal junto da autoestrada.
Tudo aconteceu na madrugada do dia 16 de setembro, o fogo teve início em Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis, alastrando-se rapidamente para Albergaria-a-Velha. Ninguém esperava que a situação evoluísse para um cenário de guerra… mas numa questão de minutos aquele pequeno foco de incêndio transformou-se num risco iminente para a autoestrada. Fui informado pelo Centro de Coordenação Operacional (CCO), que alertou para a gravidade da situação e rapidamente percebi que a nossa prioridade era clara: garantir a segurança das pessoas e apoiar as autoridades.
Seguindo os protocolos habituais, entrei imediatamente em contacto com os colegas da Assistência Rodoviária, da Obra Civil e Portagens, e claro, com o Gestor Operacional, Eng.° Manuel Afecto. Depressa percebi que nesta função a coordenação entre as várias equipas é essencial para o sucesso das operações. Antes de nos dirigirmos para o local, reunimos no Centro Operacional da Feira para definir a estratégia. O nosso principal foco era a evacuação segura dos condutores, após o encerramento da autoestrada e, acima de tudo, garantir a segurança da nossa equipa, evitando qualquer risco desnecessário.
Acompanhei as nossas pessoas no terreno, tanto na gestão da ocorrência como no apoio direto aos clientes. Apesar de estarmos habituados a lidar com situações de emergência, algo desta magnitude foi inédito para mim. Senti ao mesmo tempo um misto de incerteza e responsabilidade, perante o que estávamos a viver. Quando a autoestrada foi fechada, o cenário era desolador, quase apocalíptico. A intensidade do fogo era impressionante.
No total, foram 16 horas de trabalho sem pausa. Ao longo do dia, recebi inúmeras mensagens e chamadas de familiares, amigos e colegas preocupados, mas a gravidade da situação exigia total concentração. A prioridade era garantir a segurança de todos e gerir a ocorrência da forma mais eficiente possível.
Esta experiência demonstrou, mais uma vez, a importância do trabalho em equipa e da coordenação com as autoridades em momentos de crise. A rapidez nas decisões e o foco nas prioridades foram fundamentais para mitigar os danos e, acima de tudo, garantir que todos saíssem ilesos.
Não poderia concluir sem expressar o meu profundo agradecimento à minha equipa e a todos os profissionais envolvidos, que estiveram comigo naquelas horas. O compromisso, a coragem e a dedicação de cada um foram essenciais para enfrentarmos esta situação. É nos momentos mais desafiantes, que a união e o sentido de responsabilidade, nos permitem ultrapassar as adversidades. Sinto-me grato por fazer parte desta equipa, e agradeço também às autoridades e a todos que, de alguma forma, contribuíram para que o desfecho fosse o melhor possível, dadas as circunstâncias. No fim, o que mais importa é que o nosso esforço tenha servido para proteger vidas e minimizar os danos.